terça-feira, 8 de julho de 2008

O Manequim

Sempre pensei em ter um manequim. Andei até quase comprando um , usado, que vi em um brique. Lembro, quando andava bem interessado, que os novos eram muito caros para tal extravagância.
Que outro nome dar a esta vontade?
Minha idéia, com o manequim, era de usá-lo em situações bem insólitas. Pensei em várias . Colocá-lo na sala quando recebesse alguma visita, mantê-lo diante do televisor como um espectador cativo ( até que ponto suportaria?), carregá-lo dentro do carro como um passageiro ( soube que isto já se faz, como um subterfúgio de segurança), enfim uma infinidade de casos em que fosse possível criar algum tipo de situação absurda.
Talvez lhe desse um nome, mas que nome pode ser um manequim?
Nome de gente?
Poderia, também, à medida que ele fosse se integrando à minha vida, considerá-lo uma espécie de objeto da família. Ou melhor, pessoa.
Poderia mesmo considerar o dia em que ele entrasse em minha vida como o dia de seu aniversário e, todos os anos, comemorar a data.
Mas quem deveria convidar?
Meus amigos ou os dele?
Acabaria convidando os meus mas receio que ele gostasse de convidar os seus.
O que estou dizendo?!
Como pode um manequim ter amigos?!
Ou será que os tem?
De algum modo talvez se comuniquem e, como os prisioneiros em suas celas ou antigamente os escravos, mantenham algum tipo de comunicação secreta.
Aliás, de algum modo, além do preço, meu desconhecimento sobre a vida dos manequins foi uma das causas pelas quais nunca cheguei a levar adiante a idéia de ter um.
Por alguma razão, ao mesmo tempo em que me atraem, tenho em relação a eles uma espécie de receio.
Receio do mistério que pressinto os envolvem, receio que tenham alguma forma de poder, talvez até maléfico, que possam exercer.
Creio que já andaram explorando esta faceta sinistra na ficção, em filmes, algo assim.
Mas, obviamente, isto só pode ser uma concepção infundada e talvez me disponha , finalmente, a comprar um.
Resta decidir se homem ou mulher, se branco ou negro,
E tem a questão, que já falei, do nome.
Se fôsse mulher talvez a chamasse Giselle.
Se homem, não sei.
Talvez, para torná-lo mais amigável, um nome de anjo.
Gabriel, Miguel, Serafim.