quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Pensamentos

A melhor maneira de manter um blog, se não quisermos que se tornem alguma espécie de diário ,talvez seja anotar pensamentos. Principalmente em se tratando de fim de ano quando todos nós, que corremos o tempo todo, nos tornamos um pouco filósofos, um pouco filantropos, mais carinhosos e amigos que de costume.
A idéia pareceu-me boa e pensei, pensei muito esperando que me ocorresse algum pensamento que não fôsse dos antigos ou tirado de algum compêndio.
Mas não ocorreu.
A intenção, portanto, fica assim à espera que da próxima vez eu tenha mais inspiração.

terça-feira, 8 de julho de 2008

O Manequim

Sempre pensei em ter um manequim. Andei até quase comprando um , usado, que vi em um brique. Lembro, quando andava bem interessado, que os novos eram muito caros para tal extravagância.
Que outro nome dar a esta vontade?
Minha idéia, com o manequim, era de usá-lo em situações bem insólitas. Pensei em várias . Colocá-lo na sala quando recebesse alguma visita, mantê-lo diante do televisor como um espectador cativo ( até que ponto suportaria?), carregá-lo dentro do carro como um passageiro ( soube que isto já se faz, como um subterfúgio de segurança), enfim uma infinidade de casos em que fosse possível criar algum tipo de situação absurda.
Talvez lhe desse um nome, mas que nome pode ser um manequim?
Nome de gente?
Poderia, também, à medida que ele fosse se integrando à minha vida, considerá-lo uma espécie de objeto da família. Ou melhor, pessoa.
Poderia mesmo considerar o dia em que ele entrasse em minha vida como o dia de seu aniversário e, todos os anos, comemorar a data.
Mas quem deveria convidar?
Meus amigos ou os dele?
Acabaria convidando os meus mas receio que ele gostasse de convidar os seus.
O que estou dizendo?!
Como pode um manequim ter amigos?!
Ou será que os tem?
De algum modo talvez se comuniquem e, como os prisioneiros em suas celas ou antigamente os escravos, mantenham algum tipo de comunicação secreta.
Aliás, de algum modo, além do preço, meu desconhecimento sobre a vida dos manequins foi uma das causas pelas quais nunca cheguei a levar adiante a idéia de ter um.
Por alguma razão, ao mesmo tempo em que me atraem, tenho em relação a eles uma espécie de receio.
Receio do mistério que pressinto os envolvem, receio que tenham alguma forma de poder, talvez até maléfico, que possam exercer.
Creio que já andaram explorando esta faceta sinistra na ficção, em filmes, algo assim.
Mas, obviamente, isto só pode ser uma concepção infundada e talvez me disponha , finalmente, a comprar um.
Resta decidir se homem ou mulher, se branco ou negro,
E tem a questão, que já falei, do nome.
Se fôsse mulher talvez a chamasse Giselle.
Se homem, não sei.
Talvez, para torná-lo mais amigável, um nome de anjo.
Gabriel, Miguel, Serafim.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Como os Portugueses

Escrevo como os portugueses
detenho-me no que está
à frente das palavras
e nas coisas visíveis
não nas palavras mesmo
ou em significados possíveis

O mais importante não são
imagens rebuscadas
me valho da poesia
como me valho da prosa
para falar de coisas aparentes
de coisas tangíveis

Se queres podes dizer
que me pus pois a filosofar
em vez de fazer poesia
é que meus versos são assim
como se fôssem pensamentos
extraídos de mim

Teu silêncio

Teu silêncio
é o silêncio de todos os tempos
teu abandono
o abandono de todos os entes

o vazio que se estende
entre nós
é um vazio dentro do vazio
dou braçadas dentro dele como quem nada
dentro do próprio nada
e desapareço como desaparecem
almas penadas

teu silêncio sou eu
transformado em alguém
que não tem nada de seu
pois o amor até mesmo
o amor que seria teu
e seria meu
este amor partiu
e para todo o sempre
perdeu-se no além

Casa Velha, 27 de janeiro

sábado, 26 de janeiro de 2008

Minha sombra
















minha sombra
parece tão frágil
espichada na tarde
ao sol que se põe

terei crescido
ou subido em andainas?

minha sombra é um peso
que não me pesa
minha sombra não só não cai
como me equilibro sobre ela