domingo, 27 de janeiro de 2008

Como os Portugueses

Escrevo como os portugueses
detenho-me no que está
à frente das palavras
e nas coisas visíveis
não nas palavras mesmo
ou em significados possíveis

O mais importante não são
imagens rebuscadas
me valho da poesia
como me valho da prosa
para falar de coisas aparentes
de coisas tangíveis

Se queres podes dizer
que me pus pois a filosofar
em vez de fazer poesia
é que meus versos são assim
como se fôssem pensamentos
extraídos de mim

Teu silêncio

Teu silêncio
é o silêncio de todos os tempos
teu abandono
o abandono de todos os entes

o vazio que se estende
entre nós
é um vazio dentro do vazio
dou braçadas dentro dele como quem nada
dentro do próprio nada
e desapareço como desaparecem
almas penadas

teu silêncio sou eu
transformado em alguém
que não tem nada de seu
pois o amor até mesmo
o amor que seria teu
e seria meu
este amor partiu
e para todo o sempre
perdeu-se no além

Casa Velha, 27 de janeiro

sábado, 26 de janeiro de 2008

Minha sombra
















minha sombra
parece tão frágil
espichada na tarde
ao sol que se põe

terei crescido
ou subido em andainas?

minha sombra é um peso
que não me pesa
minha sombra não só não cai
como me equilibro sobre ela