Amor cortês foi um conceito europeu medieval de atitudes, mitos e etiqueta para enaltecer o amor, e que gerou vários gêneros de literatura medieval, incluindo o romance. Ele surgiu nas cortes ducais e principescas das regiões onde hoje se situa a França meridional, em fins do século XI. Em sua essência, o amor cortês era uma experiência contraditória entre o desejo erótico e a realização espiritual, "um amor ao mesmo tempo ilícito e moralmente elevado, passional e auto-disciplinado, humilhante e exaltante, humano e transcendente
.-.-.-.-.-.-
O amor cortês trata da relação entre um homem e uma mulher: onde a mulher é uma dama, que também significa que ela é casada e, o homem é um celibatário, que se interessa por ela.
Tudo começa por um olhar lançado, “é uma flecha que penetra pelos olhos, e crava-se no coração, incendeio-o, traz-lhe o fogo do desejo”. Este homem, então, ferido de amor (no sentido carnal), sonha apoderar-se desta mulher. Essa mulher é muitas vezes esposa de seu próprio senhor, portanto é dona da casa que este freqüenta, ou seja, ela está hierarquicamente acima dele, é seu vassalo. Por ela, deixa de ser livre.
O amor cortês é um jogo, cujo mestre é o homem. A dama é uma peça fundamental, porém é mulher e não dispõe livremente do seu corpo, que pertenceu, primeiramente a seu pai, agora é de seu esposo. Carrega nele a honra deste esposo, Por esse motivo ela é altamente vigiada.
Sem privacidade nos castelos, ao menor deslize, esta mulher é acusada, por ser frágil e fraca. É passível dos piores castigos, os quais seu cúmplice corre o risco de recebe-los.
Neste jogo, o mais excitante eram os perigos, o amor cortês era uma aventura, permeado por códigos secretos, discrição, olhares furtivos e pela ânsia de estarem junto com esta dama “num jardim secreto”.
sábado, 3 de julho de 2010
Amor Anônimo

Não é anônimo meu amor
como é de teu pensar
bem é de teu saber
a ti meu pensamento
vivo a dedicar
e mesmo longe
sempre estou a ver-te
fixa em meu firmamento
estrela de meu penar
Mas é solitário o meu amor
e o brilho teu
a refletir-se em mim
é como de uma luz distante
que só me atinge
de longínqua
muito tenuamente
Meu amor assim
só pode parecer-te
como inexistente
inda que dele me lembre
a todo instante
e a todo instante o invoque
como um amor bem presente
Meu amor assim
infelizmente
disso pode viver apenas
e embora sem ser anônimo
como pensas
não chega a merecer-te
que dele lembres
como podendo ter lugar
em nossas vidas tão pequenas
P.R.
29 junho 2010
J.S.Bach
Suite per liuto in mi bemolle Maggiore
Mozar
tConcerto per violino e orchestra in sol Maggiore No.3 K216
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Uma Noite no Teatro
Tomando conhecimento de uma apresentação de atores do Teatro Escola de Pelotas na noite de quarta, dia 30 de junho, dirijo-me ao Bistrô da Secult.
Trata-se dos esquetes “Esses Lopes” e “Sinhá Secada”, ambos baseados na obra de Guimarães Rosa , dirigidos por Barthira Franco com interpretações da própria Barthira e Fabrício Gomes e com adaptações de Valter Sobreiro Júnior. Lembrei-me de que seria uma oportunidade de encontrar o Valter de quem tive a oportunidade de fotografar várias montagens, em especial Em Nome de Francisco . Além disto estava mais do que na hora de atender ao chamamento de minha amiga Joice para escrever para os Comentaristas de Espetáculos Teatrais de Pelotas
Chego um pouco atrasado, mas apenas uns poucos minutos. O local, um espaço bem pequeno, está lotado. Como não o conhecia (!) só me certifico de que se trata dele pela iluminação, com spots, junto à calçada na rua. Um efeito muito interessante mas sinto falta de algum tipo de cartaz esclarecendo que no local está sendo apresentado o espetáculo. Considerando que corre no meio teatral a queixa de que há pouca divulgação por parte dos meios de comunicação, esta divulgação não poderia faltar na porta do espetáculo.
Mas isto é irrelevante. De minha parte achei ótimo pois , a falta de uma referência do que se tratava deu-me, ao entrar no prédio imerso na escuridão, a sensação de que adentrava no interior de um templo onde estava por se realizar uma cerimônia secreta.
E poderia até se tratar disto pois, no interior, deparo-me com um punhado de pessoas, creio que não mais do que cem, sentadas em duas fileiras de umas quatro ou cinco, acompanhando atentamente uma cerimônia estranha. À frente, sob luzes e diante de uns painéis, um homem e uma mulher dizendo coisas que não consigo escutar muito bem. Até porque falam de um jeito estranho, articulando bem as palavras e gesticulando de modo bem marcado, se referindo a fatos e nomes de pessoas que desconheço . Chamou-me também a atenção que a mulher, embora a noite estivesse fria, estava descalça. Aliás tanto ela quanto o homem que a acompanhava usavam pouca roupa, sem dúvida vestidos ambos de forma inadequada para a temperatura. Mas como interpretavam personagens de Guimarães Rosa, o diretor deve ter pensado não haver outra escolha. O sertão, ao contrário de nosso inverno, é quente.
Assim que atravesso o corredor de entrada, como disse muito escuro, posto-me ao fundo, na realidade do lado de fora do recinto já que ele está lotado, procurando entender melhor o que está se passando. Mas logo me dou conta de que teria que estar mais bem acomodado para ter condições de me concentrar na cena. Lembro-me que na época de estudante se tinha disposição de acompanhar uma apresentação , quando lotava, sentado no corredor ou em pé em um canto. Percebo bem, neste momento, a precariedade da cidade em oferecer espaços para apresentações artísticas. E, ao mesmo tempo, dou-me conta do valor dos amantes de teatro que com todo tipo de dificuldades levam em frente sua paixão. A todas estas, no entanto, acossa-me uma questão moral. Devo permanecer , tentando extrair os elementos que necessitaria para atender ao compromisso com os Comentaristas ou, atendendo ao apelo de meu corpo, retirar-me?
Acho que preciso neste momento fazer uma confissão. Paralelamente aos espetáculos artísticos em si, sempre me prendeu muito a atenção o conjunto das situações que o cercam. Ou seja, os bastidores, a platéia, o mundo paralelo aos espetáculos. Talvez até por isto, embora sempre interessado por teatro e convivendo dentro do meio, nunca cheguei a pensar seriamente em interpretar. A fotografia tornou-se, então,uma forma bem adequada de acompanhar, participando, os espetáculos . Aliás, se estivesse com a máquina teria um motivo forte para acompanhar a apresentação , a começar que não precisar procurar um lugar para sentar, ao contrário ficaria circulando.
Não vou me deter a relatar os pensamentos e os sentimentos que me acompanharam nos momentos seguintes. Na tentativa de encontrar um lugar mais adequado saí a andar pelo espaço externo em volta da sala mas isto em nada parecia adiantar. Definitivamente não parecia haver uma condição capaz de possibilitar acompanhar a apresentação. Tomei , assim, a decisão que temia pudesse representar a minha demissão do grupo de Comentaristas. Palpeando pela passagem escura encaminhei-me para a saída e fui parar novamente na calçada.
Uma pena porque gosto muito de esquetes ( sketches) pois, como já disse, o que me atrai no teatro assim como nos espetáculos em geral são os bastidores, a montagem. Talvez seja a razão pela qual goste tanto de Brecht que destaca muito o lado pedagógico do teatro. Por isto, também, tenha interesse em leituras teatrais algo que , certamente, não atrai o público.
Mas agora é tarde demais. Já me encontro caminhando na rua. E a uma certa frustração inicial logo, no entanto, se sucede uma espécie de consolo por viver numa cidade que embora apresente carências graves como a ausência de casas de espetáculos com condições, permite, no entanto, ter-se acesso a apresentações como esta dentro da atmosfera cultural que o ambiente propicia. Pode-se mesmo sentir no ar, graças à dedicação de alguns apaixonados, um reerguimento do teatro talvez inclusive, pela primeira vez, num plano menos amador ou, pelo menos, mais fundamentado teoricamente.
Como sei, no entanto, que os resultados não são imediatos, dou-me ao luxo de fazer esta retirada estratégica. Outros espetáculos, outros esquetes especialmente, hão de vir e espero da próxima vez, encontrar lugar para sentar ou, até, estar mais bem preparado com a máquina fotográfica na mão.
E coincidência ou não, parando por uns instantes num bar antes de voltar para casa, encontro-me com o Flávio Dornelles. Abordo a questão das salas de espetáculos e ele me comenta a possibilidade da Universidade Federal criar um espaço para apresentações teatrais em razão da própria existência do curso de teatro. Só não comentei com ele o detalhe da minha evasão, bobagem talvez, já que agora a torno público.
Bom encontrar o Flávio, bom saber que na penumbra da sala da qual me evadi poderia estar o Valter, talvez a Joice ou algum outro conhecido do meio.
Bom saber que , embora com algumas dificuldades de sempre, o teatro vive.
Trata-se dos esquetes “Esses Lopes” e “Sinhá Secada”, ambos baseados na obra de Guimarães Rosa , dirigidos por Barthira Franco com interpretações da própria Barthira e Fabrício Gomes e com adaptações de Valter Sobreiro Júnior. Lembrei-me de que seria uma oportunidade de encontrar o Valter de quem tive a oportunidade de fotografar várias montagens, em especial Em Nome de Francisco . Além disto estava mais do que na hora de atender ao chamamento de minha amiga Joice para escrever para os Comentaristas de Espetáculos Teatrais de Pelotas
Chego um pouco atrasado, mas apenas uns poucos minutos. O local, um espaço bem pequeno, está lotado. Como não o conhecia (!) só me certifico de que se trata dele pela iluminação, com spots, junto à calçada na rua. Um efeito muito interessante mas sinto falta de algum tipo de cartaz esclarecendo que no local está sendo apresentado o espetáculo. Considerando que corre no meio teatral a queixa de que há pouca divulgação por parte dos meios de comunicação, esta divulgação não poderia faltar na porta do espetáculo.
Mas isto é irrelevante. De minha parte achei ótimo pois , a falta de uma referência do que se tratava deu-me, ao entrar no prédio imerso na escuridão, a sensação de que adentrava no interior de um templo onde estava por se realizar uma cerimônia secreta.
E poderia até se tratar disto pois, no interior, deparo-me com um punhado de pessoas, creio que não mais do que cem, sentadas em duas fileiras de umas quatro ou cinco, acompanhando atentamente uma cerimônia estranha. À frente, sob luzes e diante de uns painéis, um homem e uma mulher dizendo coisas que não consigo escutar muito bem. Até porque falam de um jeito estranho, articulando bem as palavras e gesticulando de modo bem marcado, se referindo a fatos e nomes de pessoas que desconheço . Chamou-me também a atenção que a mulher, embora a noite estivesse fria, estava descalça. Aliás tanto ela quanto o homem que a acompanhava usavam pouca roupa, sem dúvida vestidos ambos de forma inadequada para a temperatura. Mas como interpretavam personagens de Guimarães Rosa, o diretor deve ter pensado não haver outra escolha. O sertão, ao contrário de nosso inverno, é quente.
Assim que atravesso o corredor de entrada, como disse muito escuro, posto-me ao fundo, na realidade do lado de fora do recinto já que ele está lotado, procurando entender melhor o que está se passando. Mas logo me dou conta de que teria que estar mais bem acomodado para ter condições de me concentrar na cena. Lembro-me que na época de estudante se tinha disposição de acompanhar uma apresentação , quando lotava, sentado no corredor ou em pé em um canto. Percebo bem, neste momento, a precariedade da cidade em oferecer espaços para apresentações artísticas. E, ao mesmo tempo, dou-me conta do valor dos amantes de teatro que com todo tipo de dificuldades levam em frente sua paixão. A todas estas, no entanto, acossa-me uma questão moral. Devo permanecer , tentando extrair os elementos que necessitaria para atender ao compromisso com os Comentaristas ou, atendendo ao apelo de meu corpo, retirar-me?
Acho que preciso neste momento fazer uma confissão. Paralelamente aos espetáculos artísticos em si, sempre me prendeu muito a atenção o conjunto das situações que o cercam. Ou seja, os bastidores, a platéia, o mundo paralelo aos espetáculos. Talvez até por isto, embora sempre interessado por teatro e convivendo dentro do meio, nunca cheguei a pensar seriamente em interpretar. A fotografia tornou-se, então,uma forma bem adequada de acompanhar, participando, os espetáculos . Aliás, se estivesse com a máquina teria um motivo forte para acompanhar a apresentação , a começar que não precisar procurar um lugar para sentar, ao contrário ficaria circulando.
Não vou me deter a relatar os pensamentos e os sentimentos que me acompanharam nos momentos seguintes. Na tentativa de encontrar um lugar mais adequado saí a andar pelo espaço externo em volta da sala mas isto em nada parecia adiantar. Definitivamente não parecia haver uma condição capaz de possibilitar acompanhar a apresentação. Tomei , assim, a decisão que temia pudesse representar a minha demissão do grupo de Comentaristas. Palpeando pela passagem escura encaminhei-me para a saída e fui parar novamente na calçada.
Uma pena porque gosto muito de esquetes ( sketches) pois, como já disse, o que me atrai no teatro assim como nos espetáculos em geral são os bastidores, a montagem. Talvez seja a razão pela qual goste tanto de Brecht que destaca muito o lado pedagógico do teatro. Por isto, também, tenha interesse em leituras teatrais algo que , certamente, não atrai o público.
Mas agora é tarde demais. Já me encontro caminhando na rua. E a uma certa frustração inicial logo, no entanto, se sucede uma espécie de consolo por viver numa cidade que embora apresente carências graves como a ausência de casas de espetáculos com condições, permite, no entanto, ter-se acesso a apresentações como esta dentro da atmosfera cultural que o ambiente propicia. Pode-se mesmo sentir no ar, graças à dedicação de alguns apaixonados, um reerguimento do teatro talvez inclusive, pela primeira vez, num plano menos amador ou, pelo menos, mais fundamentado teoricamente.
Como sei, no entanto, que os resultados não são imediatos, dou-me ao luxo de fazer esta retirada estratégica. Outros espetáculos, outros esquetes especialmente, hão de vir e espero da próxima vez, encontrar lugar para sentar ou, até, estar mais bem preparado com a máquina fotográfica na mão.
E coincidência ou não, parando por uns instantes num bar antes de voltar para casa, encontro-me com o Flávio Dornelles. Abordo a questão das salas de espetáculos e ele me comenta a possibilidade da Universidade Federal criar um espaço para apresentações teatrais em razão da própria existência do curso de teatro. Só não comentei com ele o detalhe da minha evasão, bobagem talvez, já que agora a torno público.
Bom encontrar o Flávio, bom saber que na penumbra da sala da qual me evadi poderia estar o Valter, talvez a Joice ou algum outro conhecido do meio.
Bom saber que , embora com algumas dificuldades de sempre, o teatro vive.
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